O uso de redes sociais não determina, por si, tendência maior ou menor ao consumo online, mas quem já teve problemas com vírus e malware tem, sim, maior probabilidade de comprar via web. Essas são algumas das revelações do estudo "Vendas on-line no Brasil: Uma análise do perfil dos usuários e da oferta pelo setor de comércio", realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No entanto as redes sociais precisam ser consideradas como fator decisivo nos estudos de marketing online, como lembra a analista @missmoura.
Voltando ao estudo, o Ipea procurou descrever um perfil do brasileiro que consome online – grupo que, segundo os dados apresentados, representa 19% do total de internautas do país - e, também, fornecer mais detalhes sobre um setor que, entre 2003 e 2008, viu seu faturamento crescer 145%.
É importante ressaltar que, na produção do relatório, o Ipea baseou-se, entre outras informações, em dados da pesquisa TIC Domicílios 2009, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). De lá para cá, ocorreram a febre das compras coletivas (em 2010) e a explosão no uso de redes sociais, como o Twitter e o Facebook. Atualmente o Brasil é o país que mais cresce no Facebook.
A consultoria internacional Cisco, conhecida internacionalmente por suas pesquisas, tem dados ainda mais atuais em seu site (clique para ser direcionado). Segundo a análise, em 2015, o número de aparelhos eletrônicos conectados à internet será tão alto quanto à população global de indivíduos. Por volta desse ano, o tráfego de conteúdo através de conexões wireless vai ultrapassar as conexões via cabo.
Em 2010, os vídeos representam 40% do consumo de conteúdo na rede. Daqui a cinco anos, essa porcentagem será de 62%, isso sem incluir a troca de arquivos nas plataformas P2P. Enquanto isso, o tráfego de 'video-on-demand' vai triplicar, até 2015, e representará três bilhões de DVDs por mês.
“A evolução das tecnologias de informação e comunicação (TIC), associadas à emergência de novas técnicas de logística e gerência da cadeia de suprimentos, levou a uma revolução do processo de compra e venda do setor varejista”, constata o Ipea, em seu relatório.
O estudo ressalta, contudo, que essa evolução se faz mais presente nas grandes cidades que nas cidades menores. “Nestes locais, a situação do comércio é basicamente a mesma dos anos 1950”, sustenta. O instituto também relaciona as mudanças no comércio à ampliação do acesso à Internet.
Em relação ao perfil dos usuários, a pesquisa apurou que, dos 63 milhões de internautas que o país tinha em 2009, cerca de 19%, ou 11,97 milhões, são compradores pela Internet. O Sudeste é a região que tem a maior fatia de internautas que consomem online: 23%. Em seguida vêm as regiões Sul (20%), Norte e Centro-Oeste (com 19% cada) e Nordeste (12%).
Nas áreas urbanas, a fatia de compradores online é maior que nas áreas rurais. Dos internautas urbanos, 20% compram na web. Entre os que moram nas zonas rurais, esse índice é de 9%.
Em termos de classe econômica, a que mais consome online é a A (59%). A classe B responde por 33% das compras online e a C – na qual, segundo o IBGE, já se encontra a maior parte da população - tem 13%. Dos internautas das classes D e E, juntas, 5% dos indivíduos já compraram online. Um enorme potencial a ser explorado ainda.
O relatório do Ipea também buscou determinar, com base em várias categorias de dados, quais variáveis influenciam a escolha de comprar ou não produtos e serviços pela Internet. Foram cruzados dados sobre acesso a e-mail, uso de sites de busca, inscrição em redes sociais, idade, sexo, classe social, nível de educação e habilidades digitais, entre outros. Com base nisso, o instituto calculou um coeficiente que indica o grau de influência da variável na decisão de compra pela Internet.
Os resultados apontam, por exemplo, que moradores da região Norte têm maior probabilidade de serem consumidores online que os da região Nordeste. Da mesma forma, membros das classes A e B são mais propensos a comprar online. Homens têm maior tendência a consumir via Internet, mesma condição dos indivíduos mais velhos em relação aos jovens.
Mais curiosas são as relações entre o uso de certas tecnologias e a propensão a consumir online. Segundo o estudo, indivíduos que já tiveram algum problema com segurança da informação são mais propensos a consumir na web. Quem utiliza serviços de voz pela Internet (VoIP) e manda arquivos com anexo também possui maior probabilidade de aderir ao consumo virtual.
O número de horas que a pessoa navega na web também interfere de forma positiva na probabilidade de consumo online, afirma o Ipea. Há, no entanto, um efeito colateral: quanto mais tempo o internauta fica na rede, menor essa influência.
Outro dado levantado pelo Ipea aponta que o comércio não especializado, representado por hipermercados, supermercados, lojas de departamento e outros, corresponde a 25% do total de vendas online do varejo no Brasil. As lojas especializadas respondem por 93% do número de empresas e 73% do total de vendas pela Internet.
Segundo a pesquisa, a categoria econômica com mais lojas na Internet é a de material de construção: são 1.701 firmas, ou 37,8% do total. Artigos farmacêuticos e de perfumaria – a segunda maior categoria - são representados por 707 empresas. Apenas 23 firmas (0,5%) foram classificadas na categoria de eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo; no entanto, em valor, a categoria – que teve receita bruta de 465,7 milhões de reais em 2008, ou 11% do total - só é superada pela de artigos culturais, recreativos e esportivos (que incluem CDs, DVDs e livros), que faturou 482,6 milhões.
No relatório, o Ipea conclui que a adoção do e-commerce “contribui positivamente para a produtividade das firmas que optaram pelo comércio eletrônico”.
Veja a pesquisa mais atual do IPEA aqui.
Fuja da clientofobia. Vem pra Pasárgada! (Estamos em todas!)
Nenhum comentário:
Postar um comentário