A dificuldade de atualização ocorre porque há várias versões do Android no mercado. Como o Android é um sistema de código aberto, cada fabricante pode adaptá-lo para seus aparelhos e incluir ou remover recursos. Por isso, cada nova versão do Android tem que ser adaptada para os vários aparelhos com o sistema. E em muitos casos isso não é possível.
Se para os usuários a flexibilidade do Android pode causar problemas, para os fabricantes ela tem seus atrativos. Eles não precisam pagar licenças para o Google para usar o Android, o que diminui o custo dos aparelhos. Além disso, os fabricantes têm liberdade para incluir recursos próprios e exclusivos.
Flexibilidade ajudou no crescimento do sistema
“A abertura do Android é importante, porque permite que os fabricantes customizem o sistema”, diz Terence Reis, diretor de operações da Ponto Mobi. Essa flexibilidade permitiu que o Android se tornasse popular rapidamente. Segundo a consultoria Gartner, ele deve ter 39% do mercado mundial de smartphones no final de 2011, apenas três anos após o lançamento.
Fabricantes como como LG, HTC, Motorola, Samsung e Sony Ericsson têm personalizado o Android para seus aparelhos. A experiência de uso do sistema muda, portanto, conforme o modelo, o fabricante e a versão do Android.
Smartphones da Motorola, por exemplo, contam com o recurso Motoblur, que reúne atualizações dos contatos nas redes sociais em um só aplicativo. A Samsung, por sua vez, desenvolveu uma interface nova para o Android, conhecida como TouchWiz. Outros fabricantes, como HTC e Sony Ericsson, também oferecem recursos personalizados.
Atualização depende do aparelho
As versões 1.5 e 1.6 do Android foram as primeiras a chegar aos smartphones, mas ofereciam poucos recursos para competir com o iOS, sistema do iPhone. Por isso, o Google acelerou o desenvolvimento de novos recursos e as atualizações dispararam.
Até hoje, já foram lançadas sete novas versões do Android. Não há dados sobre a fatia de cada versão no mercado de smartphones atual. Mas um valor que pode servir como referência é baseado no número de acessos ao Android Market.
Segundo, o Google, a versão 2.2 é a mais usada para acessar a loja de aplicativos. Ela está presente em 63,9% dos aparelhos que navegam no Android Market. Em seguida vêm as versões 2.1 (27,2%) e 1.6 (3,5%).
Os fabricantes costumam receber com antecedência as novas versões do sistema, já que é preciso adaptá-las antes de atualizar os aparelhos. Mas nem todos os smartphones são atualizados. “Se hardware do aparelho não suporta a nova versão, optamos por mantê-lo na mesma versão para garantir a experiência do usuário”, diz Silvio Stagni, vice-presidente de telecomunicações da Samsung.
Na Motorola, além de avaliar se aparelho suporta a atualização, a equipe verifica se os novos recursos já foram adicionados com os recursos proprietários da empresa. “Muitas atualizações trazem recursos que já estão disponíveis em nossos aparelhos”, diz Arradi. A demanda de mercado também é avaliada na hora de decidir se um aparelho será atualizado ou não. A forte demanda dos usuários foi um dos motivos para a atualização do Milestone.
Segundo a Samsung e a Motorola, é impossível garantir ao usuário que determinado aparelho será atualizado. Para Reis, da Ponto Mobi, os fabricantes conhecem os planos de desenvolvimento do Android e poderiam lançar aparelhos preparados para suportar recursos de novas versões. “O fabricante deveria atualizar o smartphone, ao menos, para a próxima versão”, afirma.
Google pode restringir customização
Como cada fabricante pode criar sua plataforma a partir do Android, o sistema fica cada vez mais fragmentado, o que estaria preocupando o Google. Por isso, nas versões mais recentes do Android, a empresa estreitou as parcerias com fabricantes de smartphones e de processadores.
Ao ajudar o Google a desenvolver uma versão do sistema, o fabricante ganha exclusividade para lançar um aparelho com a nova versão antes dos concorrentes. “Depois de chegar a um ‘denominador comum’, a customização pode começar”, disse John Lagerling, diretor de parcerias para Android do Google, à revista Businessweek.
Nas últimas semanas, fontes da revista afirmaram que o Google começaria a limitar a customização do Android. Segundo a revista, a empresa teria colocado cláusulas contra a fragmentação do sistema no contrato de licença do Android. Essas cláusulas permitiriam que a empresa avaliasse as partes do código alteradas pelos fabricantes.
“O Google precisa dessa parceria com os fabricantes para garantir a distribuição do Android”, diz Reis, da Ponto Mobi. Por conta disso, a empresa não deve impor controles muito rígidos aos fabricantes. Mesmo assim, segundo Reis, um pouco de controle poderia tornar o Android ainda mais popular. Medidas como padronização do visual e da quantidade de botões do aparelho, como a Microsoft exige no Windows Phone 7, e garantia de atualização agradariam muitos usuários. “O Google deveria criar uma diretriz para que os fabricantes não descaracterizassem o Android”, diz Reis.
Essa medida, no entanto, não parece estar nos planos do Google. Em mensagem no blog oficial para desenvolvedores, Andy Rubin, vice-presidente de engenharia da empresa, descartou essa possibilidade. “Não há, e nem nunca será feito, nenhum esforço para padronizar a plataforma”, disse Rubin. “Vamos continuar oferecendo uma plataforma aberta.”
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